sexta-feira, 17 de maio de 2013

E se...

Qual pai não tem um punhado de preocupações com seus filhos homens? E se ele usar drogas? E se fumar? E se dirigir bêbado? (como muitas vezes eu fiz) E se for um pasmado? Etc, etc. 

Mas acho que a principal e mais polêmica do pai de filho ticudo é indiscutivelmente: 

E se for veado? 

Atenção! Zero preconceito da minha parte. A preocupação existe não em relação à minha aceitação, mas pelo sofrimento e dificuldades que o filho passaria se essa fosse sua opção sexual... 

Pois dias desses estava em debate num programa de rádio famoso aqui no Sul a questão relativa à homofobia. Casualmente, viajava com meu pai e começamos a debater o assunto. Qual seria minha reação eu me perguntava. Lembro que certa vez decidi furar a orelha para usar brinco. Evidente que meu maior empecilho não era a dor ou qualquer coisa do tipo, mas o que meu pai pensaria de mim (meu velho à época era juiz de direito...). Bueno, estávamos os dois no carro e larguei: Pai, acho que vou usar brinco. Ele: Tudo bem. Eu: Queria te falar pra não ficares preocupado. Ele: Preocupado com o que? Eu: Que eu fosse veado. Ele: Mas tu é veado? Eu: Não, claro que não. Ele: Então tá bom. Boa sorte. 

Usei brinco uma semana. Infeccionou o buraco e o que era para ficar bonito, virou uma orelha purulenta...
...

De volta à atualidade. Papo vai, papo vem, depois de longos discursos sobre o tema meu genitor me larga a pérola: Eu tinha medo que tu fosse.. Eu: Como assim? Ele: Bom, quando saí de casa, moravam contigo tua mãe, tuas três irmãs e tua avó... Eu: E mesmo assim tu saiu de casa? Velho FDP! Vai tomar ˆ&#*ˆ@*&Qˆ!*!!!! Porra! Ele: Calma, pensa pelo outro lado, se tu não virou veado é porque tu é macho pra caralho! 
Confesso que havia superado meus traumas pela separação.. até aquele momento. 
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Mas e se meu filho for? Evidente que meu discurso seria o de aceitação. Quero mais é que ele seja feliz e não viva em conflito, amargurado e triste. A felicidade é o único objetivo que justifica todo resto nessa vida.

Quando a gente pensa nas diversas fases que nossos filhos passarão, é normal imaginarmos determinadas situações marcantes: o primeiro sorriso, o primeiro dente, o primeiro passo, a primeira palavra e assim por diante. Imagino o dia em que o Bernardo vai me apresentar sua namorada. Por certo que a primeira pergunta que faria para ela seria: Gremista ou Colorada? Seja qual for a resposta, a pergunta serviria muito mais para quebrar o gelo da situação e o embaraço da menina do que para me decepcionar em relação à sua resposta. 

Agora se meu filho viesse me apresentar o seu namorado, a pergunta seria diferente, quase uma afirmação. Olharia bem no fundo dos olhos do cara e perguntaria: Gremista né? 

Depois, ofereceria uma cerveja para acompanhar o churrasco. Felicidade lembram? É o que vale... 

Até a próxima, Paizão.