quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Quando nasce um pai?



Ingressamos no último mês de gestação. Parece que foi ontem quando recebi a notícia de que em nove meses, estaria segurando um filho meu nos braços. Digo meu, porque antes tive a chance de experimentar através dos meus quatro sobrinhos a sensação aproximada do que significa isso. Realizamos uma ecografia essa semana e o Bernardo está ótimo. Pesando aproximados 2,300kg. Realmente ele deu um pulo de peso no trimestre final. A nega, por outro lado, engordou miseráveis 4kg. Houve momentos em que jurava que meu pequeno estava passando fome dentro da barriga, mas considerando os exames feitos aliados ainda ao que nosso médico relata, não há motivo para pânico. Imaginem se a Karina tivesse pesando 9kg? Bernardo teria 4,5kg!!! Melhor deixar assim...

Tenho recebido inúmeras mensagens carinhosas de amigos e pessoas que leem o blog. Dentre estes, ganhei uma menção no blog http://andreatpm.blogspot.com/2011/11/homem-gravido.html, da minha amiga Andrea Beheregaray. Na parte final do texto, tem a seguinte frase:

"Porque os pais nascem juntos com seus filhos."

Não sei porque, mas estes dizeres me chamaram atenção. Pensando sobre qual momento específico o homem se torna pai, não cheguei à uma conclusão. Primeiro, pensei que já havia me tornado pai, a contar do nascimento do meu primeiro sobrinho, o Lorenzo. Mas não, não foi ainda. Isto porque, além da questão óbvia de que não sou pai dos meus afilhados, são funções distintas a de pai e a de tio. E por mais, que os ame tanto quanto, não tenho neles a intensidade das preocupações de seus pais, muito menos o rigor que se exige a paternidade. Se ser avó, é ser pai com açucar, o que sobra para o tio? Não encontrei resposta...
Depois, pensei que me tornei pai quando comecei a enxergar o meu velho, mais como um amigo do que como uma autoridade. E que exatamente pela quebra desse paradigma, era possível que eu também pudesse cuidá-lo, como se tivesse um filho mais velho do que eu. Mas não, não fechava ainda. Porque existe uma ordem natural que não pode ser mudada. Ele é meu pai e não pode ser o contrário. E mesmo que agora nossa relação tenha uma troca recíproca de cuidados, o máximo que consigo ser dele para além do que já sou, é seu melhor amigo.  

Mas então quando? Quando recebi a notícia? Quando vi a primeira ecografia? Quando ele nascer talvez? 

E depois de passar o dia todo pensando e até mesmo depois do início deste post, penso que a resposta não pode ser atrelada a um evento temporal somente. A resposta que me pareceu mais correta foi SEMPRE! Sempre estarei nascendo pai... Em absolutamente todos os momentos acima e em muitos outros, nasce-se pai. Acredito que seja uma jornada tão intensa e de tanto aprendizado, que a cada momento, a cada ecografia nova ou exame, estou nascendo-me pai. Aprendendo a lidar com a apreensão, sendo mais cuidadoso, preocupado, etc. Acho que existem tantas experiências que sequer imagino, mas que fatalmente viverei, que me ensinarão dia a dia como desenvolver minha paternindade. Os pais, nascem com os filhos! Nascem, crescem e aprendem a sê-lo mutuamente. Numa troca constante de aprendizado, de sensações, de sofrimento e de amor. 

Será que conseguirei ser o pai que pretendo ser? Acredito que sim. Mas o importante realmente é manter em mente que por mais que eu o imagine, ele será do jeito dele. Dar-lhe o suporte total para que tenha uma vida feliz e saudável é o que posso fazer. O resto, depende exclusivamente das suas escolhas...

A gestação de um filho dura 40 semanas... a de um pai, uma vida inteira.

Mas que minhas boas intenções me sejam tão gratificadoras como a ecografia 3D que fizemos. Pelo menos fisicamente posso afirmar que meu filho é a minha cara!!!

Um super beijo, P.