quarta-feira, 25 de julho de 2012

6 Meses de Vida e um pai retardado...

Devo ser meio retardado. Não consigo achar outra explicação para o que tem acontecido comigo ultimamente. Além de uma sensibilidade, digamos, mais apurada, penso que estou (in)voluindo. Explico: Conforme já manifestado no blog, pela parte da manhã o Bernardo fica comigo (ainda não sei se não sou eu quem fica com ele...). No meu tempo de criança havia apenas dois canais que passavam desenho. Hoje existem 10! Mas um deles é especial. Isso porque, todo santo dia, as 09:30 horas, consigo ver "Chaves" de novo! 

Dia desses, estava passando um episódio que nunca havia assistido. Normalmente coloco o B. no tapetinho com móbile e deixo ele se deliciar com os penduricalhos. O que não percebi é que o pequeno já consegue rolar de um lado pra outro a hora que quer.. quando me dei conta de que tinha que cuidar dele ao invés de ver Chaves, o ordinário já tinha ido rolando até a cozinha!!!! Depois de um tempo de adaptação, eu e o B. já temos nosso esquema. Acordamos por volta das 8:30 horas e ficamos na função de brincar, trocar fralda e roupa. Precisamente as 09:30 horas, amarro ele na cadeirinha e assistimos juntos o "Chavo". Arrisco dizer que me divirto mais que ele... Como se não bastasse, depois do original, ainda passa o desenho animado... mas então já é hora do pai ir pro banho e deixar o filho para os cuidados da avó. Afinal, não se vive só de amor... infelizmente. A Karina disse uma frase perfeita esses dias quando conversávamos sobre esse assunto: Somos pais mais velhos que nossos pais, mas somos muito mais joviais. Ela está certa! Com a minha idade meus velhos já tinham 4 filhos e levavam a vida de um modo bem diferente do que eu costumo levar. Impossível imaginar que naquele tempo, o pai abriria mão da sua manhã para se dedicar ao filho. Evidente que não falo isso com ar de julgamento algum. Eram tempos diferentes e outras circunstâncias.

Fato é que o Bernardo acabou por renovar muita coisa que andava esquecida por aí, ou que se perdeu no caminho vida. Tirando o fato de ser um programa infantil, as piadas do Chaves e todo o contexto em que ele vive, me fazem lembrar muito a minha infância. Não pelo cenário, mas pelos amigos e pela inocência. Até meus 12 anos de idade, vivia em Estrela, interior do Rio Grande do Sul. Estudava em colégio de Freiras que dizem era de uma metodologia rígida, coisa que não me lembro já que perdia muito tempo brincando... Recordo que meu melhor amigo morava na esquina do outro lado da rua e eu no meio da quadra. Para que eu chegasse até sua casa, ou eu passava por debaixo de uma raiz gigante de uma árvore ou pulava o muro do colégio que dava na parte de trás da sua casa. Tomava banho de rio, comia cana de açúcar e furtava argila da olaria para brincar. Tinha uma cadela chamada Polly-Ana, uma gata de nome Sebastiana e muitas histórias e cicatrizes para contar...

Seja como for, ter filhos é relembrar a própria vida e imaginar como será a deles. Sei que   o Bernardo jamais terá a infância que eu tive, mas gostaria que ele preservasse algumas coisas que soube guardar da minha. Bons amigos, boa educação e a família sempre junto são com certeza o melhor conselho que poderia lhe dar. 

O filhote completou 6 meses de vida. É uma criança muito saudável e esperta. As aulas de natação o ajudam a ter um desenvolvimento acima da média. Coordena os movimentos das mãos com perfeição, mas não tem jeito de pegar mamadeira. Come de tudo! Inclusive beterraba (blartght)! Dorme bem durante a noite, em que pese depois que a nega voltou a trabalhar ele mama as 04:00 da madrugada. Disse-me a Pediatra (depois da minha experiência com essa médica, só escrevo pediatra com letra maiúscula, vide post anterior), que isso se deve a ansiedade do pequeno em perceber que logo logo a mãe vai sair para trabalhar... Não sei porque, afinal ele tem o papai só pra ele, mas tudo bem. Tenho que concordar que mãe é mãe e pai é quem cria.

Precisamente hoje, completo 200 dias com meu filho. Uma das maiores aflições que tenho é não conseguir transmitir para meus amigos o quão bom é ser pai. Queria que eles por um dia, tivessem a mesma experiência que eu tenho. De acordar todos os dias com o sorriso banguela daquela criatura que não tem motivo algum outro para sorrir, que não por simplesmente gostar de ti. Sem interesse algum, sem nada em troca, sem promessa de nada. Apenas sorrir! Fazem 200 dias que não vivo um dia comum! Todos tem um "quê" de especial. Um "B", de Bernardo. Mas sei que um dia, eles hão de me dar razão... 

Vou ficando por aqui, 

um beijão, Paizão.