domingo, 15 de janeiro de 2012

O NASCIMENTO!



Dizem que quando você tem muita coisa para escrever e não sabe como, há que se começar pelo princípio. Não haveria outra saída para esse post que não essa. Então, lá vamos nós!
Na semana do dia 02 de janeiro, tínhamos 03 médicos marcados: pediatra, ecografia e obstetra. Nessa ordem. A médica que escolhemos para cuidar do nosso pequeno após o nascimento tem uma filosofia bem interessante de trabalho. Ela atende somente pacientes cujos bebês ainda estejam dentro da barriga. Não adianta chegar lá depois que ele nasceu. A impressão que tenho é de que ela deseja manter um vínculo intra-uterino para depois o nenê estar mais acostumado com sua voz e etc. E por mais que tenha acompanhado a gestação dos meus 04 sobrinhos de perto, me senti um novato diante de tanta informação. Absolutamente todos os conselhos, deram certo! Parece mágica. 

O próximo passo era a ecografia. Mais um "presente" do nosso obstetra do que necessidade médica. Nosso bebê estava um pouco alto ainda, pensando aproximados 3.300kg e medindo cerca de 50cm. Fluxo sanguíneo excelente, liquido aminótico também. Só faltava nascer. 
Chegamos no obstetra na quinta-feira. Depois do exame, considerando que não havia dilatação, apenas contração, ficou decidido que se nada acontecesse até segunda-feira dia 09, marcaríamos a cesariana. Realmente estávamos chegando ao final da gestação e a barriga da nega já começava a deixar saudades. Afinal, foram quase nove meses se adaptando às mudanças do corpo dela e aos reflexos psicológicos decorrentes. Se acostumar a dormir num campo minúsculo da cama e a acordar cedo todos os dias para levá-la ao trabalho já estavam virando algo natural. Claro, tirando os dias de ressaca ou de insônia em que a vontade era de mandá-la de táxi... Hahhaah Mas enfim, olhando todo aquele sacrifício que ela fazia para as tarefas mais simples como levar o copo na pia, me motivavam a levanta ainda que rançando. 
Na saída do nosso médico, ele nos deu um valioso conselho: caminhar. 
Bueno. Mais um dia nasceu no mundo. O último da semana, o mais esperado por todos que trabalham dia a dia, o mais desejado pelos baladeiros, pelo pessoal que vai para praia, volta para casa, vai ver os pais no interior e assim por diante. Para nós, dia de descansar. Entretanto, acolhendo o conselho do doctor, lá fomos nós para o Shopping. Caminha de lá, caminha de cá, sobe escada rolante, desce, sobe de novo até que decidimos jantar. Fomos naqueles restaurantes que servem comida australiana, bem apimentada e com bastante tempero. Para completar o quadro, pedimos um steak beff com molho forte (de alho). Vindo o banquete, voltamos para casa.
Já era tradicional entre nós a Karina ir dormir e eu ficar na sala lendo (jogando vídeo-game), ou trabalhando (zapeando a madrugada a dentro). Não foi diferente desta vez. Passada uma hora do deitar da nega, me aparece ela na sala e diz: Liga pro Guedes (obstetra) que estourou a bolsa. Eu, certo de que ela tava brincando, afinal o médico havia dito que não havia dilatação e que ele tava "alto", em que pese encaixado, não acreditei. Acendi a luz do quarto e lá estava: uma mancha de água gigante na cama e a nega "vazando". SOCORROOOOOOOOOO!!!!!!!! A primeira coisa que fiz foi seguir as instruções que dias antes ela havia deixado por escrito num bilhete intitulado "Levar para Maternidade". Eram três malas, maletas e maletinhas com tudo que a gente precisava. Mais a câmera de vídeo, carregador de celular, carteira do convênio, identidade e a grávida! hahahahha. Nesse meio tempo, ela ligou para minha irmã e perguntou se dava para tomar um banho antes. Ela tomou, e eu praticamente joguei uma água no corpo. E lá fomos rumo ao Hospital... 
Bom, entre ligações para família, dindos e amigos, me perdi no caminho... E lá veio a primeira mijada do parto que eu levei. As exatas palavras dela foram: AMOR! Eu preciso que tu se concentre em me levar para o hospital, depois tu liga para as pessoas... 

Na chegada, estacionei o carro entre duas vagas para deficientes físicos. A minha prioridade era muito alta para pensar nos outros nessa hora. Chegamos na recepção e a mulher perguntou: Pois não? Resposta: ELA TÁ PARINDO! Ela: Terceiro andar...
A primeira providência tomada foi preparar a Karina para o parto e fazer uma avaliação do quadro. Enquanto isso, o pobre e esquecido pai, fica do lado de fora da sala, como um reles mortal! Mas digo que foi bom. Porque pude receber meu pai que chegou no hospital junto com minha madrasta que havia passado o dia fazendo exames e seu filho, o Igor. Recebi ainda minhas irmãs que pareciam mais angustiadas que eu...
Esperada uma eternidade (20 minutos), me chamam para acompanhar a parturiente. Ela estava na sala de avaliação, trocando a roupa e tomando alguns medicamentos. Logo depois fomos para a sala aonde passaríamos as próximas 06 horas em trabalho de parto. Colocaram dois sensores em sua barriga. Um para medir o intervalo entre as contrações e outro para medir os batimentos cardíacos do B. Considera-se estar efetivamente em trabalho de parto quando as contrações atingem 3 ciclos em cada 10 minutos. A cada contração os batimentos do filho disparavam. Ele sentia que era hora de vim ao mundo... Lá pelas 04:30 da manhã, chegou nosso médico e o abençoado Senhor dos Anéis/Mestre Yoda/Senhor dos Magos o ANESTESISTA. Sim amigo, porque a essa altura a Karina já sentia a famosa "dor do parto". Coisa que só quem é macho de verdade consegue aguentar... Vendo o sofrimento dela, se fosse eu, já teria pulado de barriga pra baixo e dado um jeito de fazer o muleke nascer!!! Evidente que é brincadeira, mas nunca havia visto aquela expressão de dor na cara dela. 
Entre as avaliações do médico acerca da dilatação e batimentos do bebê, eu tentava me comunicar com a família no lado de fora através do celular... Mijada do parto II. Quando eu pegava o aparelho, eu juro que ela tinha vontade de me matar. Vontade, cara feia e até razão! Não adianta: pai nessa hora, não tem utilidade nenhuma! E por mais que eu dissesse fica calma, respira e tudo mais que indicam nessa hora, ela me olhava com uma cara de quem diz: VAI TOMAR NO MEIO DO TEU #$%@%, SEU FILHO DE UMA %$#@%!

O tempo foi passando e a dilatação estava completa. Cólo do útero amolecido e tudo encaminhado para o parto normal. Exceto por um detalhe... o piá não passava. Foram 06 horas em trabalho de parto e 03 tentativas daquelas "faz toda força possível", mas não tinha jeito. Plano "B": cesariana. Levaram-na para a bloco cirurgico e eu mais uma vez rebaixado ao reles mortal insignificante e sem utilidade alguma. "Espera aqui", me disseram. 

Estou sentado esperando no lado de fora e me passa um pai com o recém nascido filho no colo com uma cara de bobo para mostrar para a família. Pensei que logo seria minha vez...

Chega o pediatra e fala: Vamos lá pai? Dizer simplesmente vamos ou sim para um momento tão especial não bastava para descrever a minha imensa vontade de entrar naquela sala. Literalmente fiquei sem palavras. Simplesmente levantei e entrei. Lá estava ela, com os braços abertos e amarrados já sem dor graças ao Lord of The Rings - Anestesista e sua poção gummy mágica. 

Me sentei ao seu lado, e mesmo antes de me acalmar, ouvi o choro do meu filho... Havia nascido! Perfeito! Saudável! Lindo e cabeludo! Tirou nota 09 no Apgard no primeiro minuto e 10 no quinto...

Eu fico tentando achar uma definição para a felicidade que senti nesse momento e não consigo. Um filme passou na minha cabeça das minhas conquistas pessoais e dos momentos mais felizes da minha vida para ver se achava um comparativo, mas simplesmente não há. Não existe paradigma para esse momento, ele é único! Não há comparação com qualquer outra experiência que tenha vivido... Parece um clichê batido, mas só quem é pai e passa por este momento compreende o sentimento... Presenciar a vida nascendo, pulsando perfeita é surreal. Ele é a melhor coisa que já fiz na minha vida. 

Logo depois de desentupidas as vias aéreas, me passaram ao colo. E ele, que estava chorando, parou ao ouvir minha voz, abriu os olhinhos com a testa enrugada me olhou no fundo dos meus olhos. Esse foi o momento do meu choro... Porque ele havia me reconhecido! No meio daquela confusão toda, foi como se ele dissesse: Tu eu sei quem é, tu é meu pai e em ti em posso confiar... 

Devolvi ele para o pediatra para que ele enfim conhecesse a mãe e o choro voltou. Mas a mágica se repetiu. Foi ele encostar na nega e ouvir sua voz que tudo ficou em paz. Esse foi o momento do segundo choro do pai... 

O Bernardo nasceu com 3.245 killos e 50 cm, na manhã do dia 07 de janeiro de 2012 às 07:48hrs. O melhor início de ano dos meus 33 vividos... Mágico! 
Novamente o peguei no colo e fui apresentá-lo para o restante da família... o resultado vocês conferem na foto. 
De todas as vezes que usei o slogam da Mastercard nesse blog, nenhum outro momento teria mais significado do que o registrado nessa foto. 

Hoje o filho completa uma semana de vida! Já ganhou mais peso do que perdeu ao sair do Hospital e cresceu 02 cm. Esta 100% saudável! 

Todos os dias, são um aprendizado. E eu que só tinha a função limitada e específica de limpar o "coto umbilical", já evoluí bastante. Dou banho e o faço dormir. Fraldas já troco com uma mão! 

Karina esta super bem recuperada da cesariana e a cicatriz é ridícula de tão insignificante. Não tenham medo mulheres... 
Na visita do nosso obstetra ele nos disse algo de incontestável verdade: "É com o nascimento dos nossos filhos que aprendemos a ser bons filhos e os avós a serem bons pais."

Impressionante a vida nesse tanto. Quando os pais já não precisam ser tão pais, nascem os netos e tudo se renova com uma pitada de açucar. Os netos são a recompensa aos avós por terem sido pais um dia.
Sabe aquela sensação de quando a gente compra uma coisa nova e quer voltar para casa para usar? Quando a gente conhece um grande amor e morre de saudades até o reencontro? Aquela alegria que a gente sente quando passa no vestibular, se forma ou se casa? Tudo isso é o que sinto cada vez que pego meu pequeno no colo. Cada vez que ele repousa a cabecinha no meu ombro e dorme em paz ou acorda louco de fome... É um constante estado de felicidade. É amor que não acaba mais...


Bom pessoal, fico por aqui hoje. Tenho tantas coisas para escrever sobre essa primeira semana de vida que daria um livro. Por isso, vamos aos poucos para não cansá-los e porque daqui a pouco o pequeno acorda! 

Um super beijo, Paizão mais feliz do mundo!