segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Nada vai ser como antes...

Definitivamente, ter dois filhos não é a mesma coisa que ter um. A explicação, por mais clara que pareça ser é complexa. Quando se tem o primeiro, não há um anterior. Primeiro é primeiro e isso faz toda diferença do mundo. Especialmente para quem resolve ter o segundo logo em seguida. 

Eu lembro que minha irmã mais velha teve dois com uma diferença de um ano e alguns dias entre eles. Foi complicado, bem complicado. Isso porque os dois ainda eram muito dependentes dos pais então não havia descanso. Um dormia, outro acordava, um tinha fome, outro tinha que arrotar, dois no banho, dois pra vestir e assim por diante. Há um amigo meu que disse: um filho é um. Dois são quatro! 

Lembro que minha primeira preocupação sobre ter dois era se conseguiria dividir o amor e a atenção entre eles. Como disse a nega, não se trata de divisão, mas adição. Óbvio, não vou pegar o amor que sinto pelo Bernardo e passar metade para a pequena.... Pensar desta forma faz toda diferença do mundo. A gente se cobra muito tentando agir da mesma forma com os dois filhos. Acabamos por esquecer que o tempo é linear e o que passou existiu numa determinada conjectura de espaço e de tempo que jamais se repetirão. Tentar agir da mesma forma entre os filhos, no meu modo de pensar, é desrespeitar a individualidade de cada um. Nós já não somos os mesmos desde a primeira gravidez. Aprendemos muito com a experiência que vivemos e não podemos ignorar isso. Pelo contrário, temos que pegar os atalhos, despejar o que não serve e tirar o máximo proveito das coisas boas. Evidente que os princípios serão os mesmos e os valores a serem repassados igualmente. Mas a receita fatalmente vai sofrer alterações.

Não se culpe pelo processo ser diferente do que foi o primeiro. Dia desses a nega estava chateada porque não estava curtindo essa gravidez como a primeira. Bueno, evidente que você não vai ter  o mesmo processo. Lembre-se: antes de ter o primeiro, você não tinha o primeiro. O que importa no fundo é que não falte amor, carinho, respeito e cuidado com o novo pequeno. E isso a Martina vai ter de sobra. O resto é só o resto. As circunstâncias da vida nunca serão as mesmas, mas assim como na primeira vez tudo se ajeita. Você vai conseguir! 

Estamos aos poucos introduzindo a idéia da "mana" no Bernardo. Seguido falamos com a barriga, fazemos carinho e beijamos ela. O problema é que quando pergunto para ele aonde está a Martina, ele aponta para a própria barriga! Uma forma que encontramos de lidar, foi começar a diferenciar os meninos das meninas nas histórias dos livros. As gurias nós chamamos de "mana" para que ele comece a diferenciar os personagens da sua vida. Assim, quando eles brigarem pelos brinquedos, poderemos dizer, isso é da mana ou isso é do mano... Até agora tem funcionado bem, à exceção de uma boneca que ele insiste em ter como se sua fosse.

Vou ficando por aqui na certeza de que muita coisa boa ainda esta por vir.

Super Beijo, 

Paizão. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Jardim de Rosas...

Segundo o que diz o dicionário on-lie Priberam, perfeição significa:
perfeição 

s. f.
1. Acto de acabar ou aperfeiçoar alguma coisa.
2. O grau de excelência, bondade ou beleza a que pode chegar alguma coisa.

Depois de algum tempo, entre o balanço louco do sim e do não a pergunta deve ser enfrentada de frente. Ter ou não mais um filho? São vários os prós e contras, seja qual for a decisão do casal. Filho único, significa concentrar todas as forças e energias num ponto. Há quem sujeite a questão sob a ótica financeira, argumentando no fato de poder prover para o filho tudo de melhor que se é possível  dar. Outros, no cansaço de ter que passar novamente por todo processo de cuidado exigido na primeira fase de vida do pequeno. Não podemos esquecer que a carreira dos pais também conta muito na hora de tomar a decisão. 

A nega está bem no trabalho. Crescendo cada vez mais, com viagem marcada novamente e com possibilidade de conquistar novos destinos por mais tempo. Eu, no mesmo sentido, cresço no escritório com clientes que exigem cada vez mais. Ambos chegamos a conclusão de que não é a hora ainda. Afinal de contas, recém agora estamos conseguindo ter nossa vida como casal de volta depois de um longo período na clausura. 

Pensando nisso, com o Bernardo mais crescido, já podemos deixá-lo para posar na casa da vó e curtir um jantar romântico vez que outra. Dia desses, um casal de amigos terminou de reformar o apartamento deles e resolveu fazer um "Sambão de casa nova". Contrataram uma banda de samba e encomendaram muito chop para receber a galera. Bom, Bernardinho foi para casa da abuelita e nós rumamos para a festa. Estava demais!!! Sair sem ter que se preocupar em acordar de madrugada para trocar fraldas e dar mama depois de um ano e meio nesse procedimento diário, foi realmente bom. Evidente que aqui não estou reclamando nem arrependido de absolutamente nada. Mas temos que pensar que  para os filhos é importante também poder ver os pais se curtindo e namorando depois da paternidade.  Afinal, são os exemplos do que ele vê dentro de casa que estarão consigo no futuro. 
Depois do samba, resolvemos conhecer um lugar gerenciado por outro amigo nosso. Chegando lá, depois de beber muita cerveja, partimos eu e a nega para a Vodka. Descompromissados com o horário, curtimos os amigos, nos divertimos e bebemos mais de que deveríamos. E quando chegamos em casa, a festa continuou... 

Foi estranho dormir sem o filho em casa. Condicionamos nosso sono a permanecer alerta em razão do que pode acontecer, depois de um ano e meio de convivência, por certo que não seria em uma noite que o sono voltaria a ser o mesmo de antes. Uma mistura de saudade e culpa fez com que cedo no dia seguinte já tivéssemos buscado o rebento para junto de nós. 

Bom, depois de assimilar a idéia de filho único, nada parecia mais certo do que tentar resgatar aqueles antigos sentimentos suspensos por causa da gestação do Bernardo. E assim, foi. Karina começou a viajar novamente e eu comecei a rever os amigos em encontros informais. 

Lembro como se fosse hoje que a primeira desconfiança de que estávamos grávidos começou quando a nega foi para Montevideo. Casualmente, esse ano ela tinha outra viagem marcada para o mesmo destino e na mesma época da anterior. E não é que ela me liga de lá dizendo que não estava passando bem e que queria fazer uns exames quando voltasse? Bom, eu que recém tinha trocado de carro comecei a pensar nas possibilidades de desfazer o negócio. Só que me faltava essa guria pegar barriga de novo!!! Hahahaha. 
Na verdade foi feita uma biopsia e descobrimos que a Karina estava com um cisto hemorrágico em um dos ovários. Apesar de ser bem comum e se tratar de um quadro clínico simples, tomamos um susto. Seja como for, nunca é bom saber que apareceu uma mancha escura em qualquer exame que se faça... 

Depois de algumas semanas ela atrasou a menstruação e começou a sentir dores abdominais. Novamente voltamos a ficar preocupados com o quadro e ela voltou ao médico. Saiu de lá com a receita para fazer um exame de gravidez. WHAT???? Como assim? O cisto tinha virado um feto??? Ou será que era uma espécie de Alien? A gente não entendia mais nada! Pavor e pânico. Ficamos atônitos. A minha calma só veio depois de ouvir da boca da nega que ela, em que pese não tivesse feito o exame, tinha certeza de que não estava grávida. Bom, se a criatura que é quem vai gerir me diz que não se sente grávida, quem sou eu para discordar??? Não sei porque nessa hora lembrei do que um amigo meu sempre me dizia na época da faculdade: Cara, nunca confie num ser que sangra a vida toda uma vez por mês e nunca morre... Dito e feito: ESTAMOS GRÁVIDOS NOVAMENTE! 

É incrível o que muda na gente numa hora para outra. Não foi a mesma coisa de quando descobrimos o Bernardo, nem teria como já que não tínhamos nenhum filho antes. Mas dadas as circunstâncias, todo nosso planejamento de não termos o segundo, caiu por terra. Sim, porque não queria nem por um segundo que meu filho se sentisse rejeitado. Afinal de contas, se é para ter, que seja na mesma intensidade de antes, com toda nossa atenção e carinho voltados para a gestação. No entanto, até que a nega conseguisse falar para a chefe dela que havia "pego barriga" de novo foram semanas bem tensas. Boa parte do que dá significado à vida da Karina, passa pelo seu trabalho. É uma dedicação realmente impressionante, algo feito de corpo e alma, ao ponto de muitas vezes, perder a esposa para o sono mesmo antes de começar a novela das nove. Assim, ela somente estaria bem consigo mesma, depois de falar. E ela, como grande mulher que é, falou.

Fato é que a vida tem mais a nos alegrar do que entristecer. E tudo, absolutamente tudo esta tomando seu rumo mais uma vez. De susto ou não, na hora errada ou certa hoje temos a certeza de que cada coisa está em seu devido lugar. 

E nós que pensávamos ter atingido a perfeição, não sabíamos que ainda havia algo melhor por vir... E veio! Vai atender pelo nome de Martina. E eu, desde já, tanto e sempre, sou só amor. A princesa do papai está a caminho e meu reinado ganha um novo jardim. Desta vez de rosas... 

Este foi o melhor dia dos pais do mundo! 

Um beijo, Paizão. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

E num domingo qualquer...

Penso que uma das coisas mais difíceis de se conseguir fazer nos dias de hoje é iniciar um hábito. A gente passa a vida toda mecanicamente programado para fazer as mesmas rotinas que esquece de tentar inovar. Sou um defensor de que as pessoas mudam. Isso, claro, quando a motivação é mais forte do que aquilo que nos prende à mudança. 
No meu caso, tenho que me habituar a anotar todas as idéias que surgem para colocar no blog. Com certeza, teria posts mais seguidos...
...
Esse mês Bernardo completou um ano e meio de "vida". De fato, estava certo quando escrevi que os filhos não vem, eles vão. Na medida em que o tempo vai passando, o piá vai ficando cada vez mais independente de nós. O fato de começarem a caminhar e falar, retiram quase que completamente a necessidade que temos de fazermos absolutamente tudo por eles. Bernardo já fala quando tem fome ou sede e vai com suas próprias pernas até o lugar aonde quer brincar. 
Dia desses, ele pegou uma virose (gastroenterite viral) que nos tirou uma boa semana de sono. Considerando que ele corria o risco de regurgitar durante o sono, o passamos para nossa cama. O problema é que ele roncava feito gente grande. Sem brincadeira... Como meu sono é leve, tive que me mudar para o sofá de dois lugares da sala que me serviu de cama por um por par de dias. Resultado ou acordava totalmente quebrado de dormir lá, ou ia pra cama e não dormia por causa do ronco. Acho que desde o nascimento do Bernardo, - que sempre foi um bebê tranquilo-, foi a pior semana que passei. 
Realmente a sensação de impotência sobre a falta de controle acerca do que aflige nossos filhos é um dos piores sentimentos da paternidade. Ver um filho sofrer, sem poder minimizar a dor é torturante. Febre que não baixa, não se alimenta, não bebe, não quer brincar... a gente passa 24 horas aflito até que eles melhores e voltem a ser o que eram antes... Por azar, a semana coincidiu com diversos compromissos profissionais que não podiam ser adiados. Nessas horas que a gente percebe o valor dos familiares que de pronto se propuseram a ficar com o pequeno enquanto trabalhava, além é claro, da nega que foi incansável nos cuidados. Mas não foi nada fácil... Com certeza o cansaço mental é o pior de todos. Foi uma semana que passou como se fosse um pesadelo, mas chegou ao fim. 
E quando eu menos esperava, em meio à um domingo chuvoso de inverno, Bernardo acorda e me aparece na sala com essa cara da foto aí em cima. Tira o bico da boca e fala com jeito de quem ainda esta aprendendo a dominar a própria língua: "Aga, papai, aga". Ali estava ele, indo mais um pouco... 

A lição que fica é a de que não importa quanto você seria capaz de sofrer pelo seu filho, certas vezes na vida o sofrimento é só dele. O máximo que a gente pode fazer, nem sempre é o suficiente.


Um super beijo, Paizão. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

E se...

Qual pai não tem um punhado de preocupações com seus filhos homens? E se ele usar drogas? E se fumar? E se dirigir bêbado? (como muitas vezes eu fiz) E se for um pasmado? Etc, etc. 

Mas acho que a principal e mais polêmica do pai de filho ticudo é indiscutivelmente: 

E se for veado? 

Atenção! Zero preconceito da minha parte. A preocupação existe não em relação à minha aceitação, mas pelo sofrimento e dificuldades que o filho passaria se essa fosse sua opção sexual... 

Pois dias desses estava em debate num programa de rádio famoso aqui no Sul a questão relativa à homofobia. Casualmente, viajava com meu pai e começamos a debater o assunto. Qual seria minha reação eu me perguntava. Lembro que certa vez decidi furar a orelha para usar brinco. Evidente que meu maior empecilho não era a dor ou qualquer coisa do tipo, mas o que meu pai pensaria de mim (meu velho à época era juiz de direito...). Bueno, estávamos os dois no carro e larguei: Pai, acho que vou usar brinco. Ele: Tudo bem. Eu: Queria te falar pra não ficares preocupado. Ele: Preocupado com o que? Eu: Que eu fosse veado. Ele: Mas tu é veado? Eu: Não, claro que não. Ele: Então tá bom. Boa sorte. 

Usei brinco uma semana. Infeccionou o buraco e o que era para ficar bonito, virou uma orelha purulenta...
...

De volta à atualidade. Papo vai, papo vem, depois de longos discursos sobre o tema meu genitor me larga a pérola: Eu tinha medo que tu fosse.. Eu: Como assim? Ele: Bom, quando saí de casa, moravam contigo tua mãe, tuas três irmãs e tua avó... Eu: E mesmo assim tu saiu de casa? Velho FDP! Vai tomar ˆ&#*ˆ@*&Qˆ!*!!!! Porra! Ele: Calma, pensa pelo outro lado, se tu não virou veado é porque tu é macho pra caralho! 
Confesso que havia superado meus traumas pela separação.. até aquele momento. 
...

Mas e se meu filho for? Evidente que meu discurso seria o de aceitação. Quero mais é que ele seja feliz e não viva em conflito, amargurado e triste. A felicidade é o único objetivo que justifica todo resto nessa vida.

Quando a gente pensa nas diversas fases que nossos filhos passarão, é normal imaginarmos determinadas situações marcantes: o primeiro sorriso, o primeiro dente, o primeiro passo, a primeira palavra e assim por diante. Imagino o dia em que o Bernardo vai me apresentar sua namorada. Por certo que a primeira pergunta que faria para ela seria: Gremista ou Colorada? Seja qual for a resposta, a pergunta serviria muito mais para quebrar o gelo da situação e o embaraço da menina do que para me decepcionar em relação à sua resposta. 

Agora se meu filho viesse me apresentar o seu namorado, a pergunta seria diferente, quase uma afirmação. Olharia bem no fundo dos olhos do cara e perguntaria: Gremista né? 

Depois, ofereceria uma cerveja para acompanhar o churrasco. Felicidade lembram? É o que vale... 

Até a próxima, Paizão. 


sexta-feira, 29 de março de 2013

... o resto dos dias...

... e de repente estávamos sós. Logo que Bernardo foi dormir, comecei a notar as diferenças de não se ter uma mulher em casa. Depois de zanzar e brincar muito pela casa, chegou a hora de dormir. Fazer ele encontrar Morfeo nunca tinha sido problema para mim. De fato já estava bem acostumado. Mas a dúvida era: colocar ele no berço do quarto dele ou leva-lo para dormir comigo na cama? Evidente que a vontade era de dormir  junto, mas seria isto o melhor? E se ele acostumasse mal(?) e depois não quisesse mais voltar a dormir na sua cama? 
Bueno, juro que tentei ser o mais racional possível, mas olhar essa coisinha aí do lado, dormindo sozinho no quarto dele, foi demais para mim... Afinal, uma das mais doces lembranças que tenho era a de ir para cama dos meus pais quando pequeno. Porque privá-lo disso?? Mas eu não contava com uma coisa: quando ele dormia conosco, no meio da madrugada sempre acordava para mamar. Dito e feito, ele acordou na madrugada e foi reto procurar sua fonte de alimento. Literalmente deu com os beiços no travesseiro da Karina. Bom, daí foi um tal de "mamama" pra lá, "mamama" pra cá e eu sem saber se era de "Mamar" ou de "Mamãe". Mas considerando que depois de uma mamadeira de iogurte ele voltou a dormir, fico com a primeira opção. 
...
Acordamos (na verdade ele), as 07:30hr da manha. Como a Karina tinha feito uma aposta comigo de que nesses 08 dias fora, o Bernardo só iria tomar banho dois dias depois que ela fosse embora, dei logo um jeito de ganhar a aposta e fui banhar a figura. Enchi a banheira dentro do box e coloquei o pintucho dentro... Bom, ele tomou banho e me deu um banho, tanto que desisti da idéia e entrei logo de vez no chuveiro com ele. 
... 
Eu podia dizer que nos primeiros dois dias a situação foi complicada. Entretanto, acho que esta seria uma leitura equivocada do que estava acontecendo. Prefiro acreditar que no inicio estava me adaptando a nova função de "mãe" (o que é impossível, mas...). E digo isso porque à medida em que realizava as tarefas que antes eram exercidas pela nega, o Bernardo reagia diferente comigo por igual. Acorda-lo, dar lhe café da manhã, vesti-lo para escola, arrumar a mochila e etc, são tarefas que por mais chatas que pareçam, acabam nos aproximando muito de nossos filhos. Cansa? Evidente que sim. Mas faria tudo de novo sem titubear um segundo, porque a gratificação que se sente é indescritível. Enquanto isso, Karina me mandava as fotos da nevasca em Londres... #nemsentiinveja
Mas foi tudo tão bem que lá pelo quarto dia, quando ele sentia sono, nem precisava sair correndo atrás dele. O pintucho vinha por conta procurar meu colo. Se encaixava no meu peito deitado no sofá da sala e assistia TV até adormecer. 
...
Para quem não sabe, perdi minha mãe uma semana antes de saber que estava grávido. A Dona Maria Elaine, era insaciável no cuidado dos filhos e nesse período me fez muita falta. Por umas três vezes, estranhava o fato de que ela ainda não tinha me ligado no dia perguntando se eu não precisava de nada. Se viva fosse, teria se oferecido para posar aqui em casa todos os dias até a Karina voltar... 

Outra sensação estranha que aconteceu, foi perceber como implicitamente o casal confia um no outro acerca dos cuidados com o filho. Explico: quando a Karina estava em casa, não tinha aquela preocupação de ir até o berço saber se estava tudo bem ao primeiro som estranho que ouvisse. Durante este período, cheguei a ir 07 vezes na mesma noite dar uma checada no carinha. Óbvio que a única coisa que mudava era a posição que ele estava... Mas o senso de responsabilidade, de que nada podia acontecer de ruim efetivamente aumentou. Sequer aquela cerveja do final de semana eu tomei... Vai que dormisse e não ouvisse o choro dele??? 

Aliás pensando nisso, comprei de um amigo um alarme muito legal. Depois de tanto saber de pais que esquecem seus filhos nos carros quando vão trabalhar ou ir ao supermercado, resolvi adotar esse equipamento. É muito útil. Vem uma pulseira que é colocada no pulso do pequeno ou na roupa e um dispositivo que vai no chaveiro da casa ou do carro. Ele aciona um som e vibra se você se distância tantos metros e também serve caso o pequeno se aproxime (para pais que possuem piscina em casa). É um produto muito bom e útil. Caso haja interesse de alguém, eu passo o contato do meu amigo! Vale a pena o investimento.
...
Muitas pessoas vinham em minha direção e diziam: "Agora tu vai aprender a dar valor para a Karina" e coisas desse tipo. Bom, eu sempre dei valor. Aliás, se teve alguém que incentivou a viagem foi eu. A nega, orgulhosamente começou como estagiária na TOK, sem a ajuda de ninguém. Única e exclusivamente com mérito próprio. E lá foi crescendo na proporção do seu talento e hoje conseguiu realizar esse sonho. Penso que ter ciúmes  ou inveja nessas situações, nada mais é do que manifestar nossa insegurança ou incapacidade de atingirmos por conta própria, o mesmo estágio profissional e pessoal. Assim, desejo que a Karina continue crescendo, viajando, conhecendo novas pessoas e assim por diante. Mas que depois de tudo isso, ela ainda sinta vontade de voltar para casa. Como de fato, foi o que aconteceu! 
Se aprendi a dar valor para a mãe do meu filho, tenham certeza que ela aprendeu também a valorizar o cara que ficou cuidando do Bernardo nesses dias enquanto ela, buscava seu crescimento profissional do outro lado do oceano. Quem ganhou mais?? A resposta é evidente: O Bernardo.

Nega voltou! Na mala, milhares de presentes, muitas histórias para contar e a certeza de que não há lugar como nosso lar... 

Fico por aqui, 
Um Beijo, Paizão.

P.S. Esse post vai dedicado para a Vanessa Q. que carinhosamente me cobrou a continuidade da epopéia! 

terça-feira, 19 de março de 2013

Day #1

Buenas, se foi a nega... Não, não sejamos tão dramáticos. Ela apenas foi viajar a trabalho para Europa e passará 8 dias longe de nós! Isso quer dizer uma coisa:

FFREEEEEEEDDDDDOOOOMM!!

Juro que essa foi a primeira sensação que me veio quando virei as costas para ela no aeroporto junto com meu filho de 01 ano e 02 meses no colo. Afinal, é a primeira vez que eu vou ficar sozinho com ele! 

Porém, foi só entrar no supermercado para comprar a comida dos próximos dias que tudo mudou. Não sei porque, mas nada que diz respeito ao Bernardo e eu, é fácil ou simples. 

Cheguei no supermercado e me lembrei que havia deixado o carrinho dele em casa para que coubessem as malas da Karina no carro. Uma mulher que trabalha com moda e vai pra Londres a trabalho não poderia ter levado malas normais. Cabíamos todos dentro da mala menor que ela levou... Bom, fui atrás daqueles carrinhos que tem lugar para colocar o bebê e fazer compras ao mesmo tempo e não havia nenhum disponível. Nisso, foram 20 minutos esperando que algum vagasse. Bernardo, que havia saído da creche às 17:00 hrs e não havia comido nada (já eram 19:30 hrs), estava insano de fome. Depois de manietar o pequeno no carrinho, fomos direto para o departamento de bolachas. Abri um pacote de Waffer de chocolate para ele enganar o estômago enquanto comprava o resto das coisas. 

Vamos a lista de compras... e eram exatamente 47 itens, aleatoriamente distribuídos por absolutamente todo o supermercado. Deixa eu explicar uma coisa para vocês: quando se faz lista de supermercado é altamente recomendável dividir os objetos pelas categorias. Frutas, material de limpeza, frios, carnes iogurtes, verduras, etc. Porque se você não fizer assim, nós homens que não temos a habilidade de enxergar supermercados como "entretenimento", podemos ficar rapidamente de mau humor. Ainda mais se estivermos sozinhos com nosso filho... 

Depois de ir e voltar de uma ponta a outra procurando molho de tomate e requeijão, leite e creme de leite, pizza e gilete, entendi que a lista não estava em ordem. Bom daí em diante tudo foi bem mais fácil.

Mas adivinhem!!!! Óbvio que o Bernardo pra me ajudar fez um cocô ÉPICO! Como estava indo para o caixa e ele com sono, resolvi deixar para troca-lo em casa. Entretanto, o negócio exalava um odor que três tias diferentes me avisaram que "havia carta no correio". Acho que pensando que eu não havia me dado conta... 

Chegamos em casa, depois de 4 viagens entre carro e elevador para descarregar as compras, fui trocar o pequeno. Bom, quando eu abri a fralda dele, eu podia jurar que a professora que deu comida para ele hoje estava de sacanagem comigo. REPUGNAVA! Era uma pasta cor de beringela que de tão fedorenta, dava pra sentir o gosto na língua! Foram uns 17 lenços úmidos para dar conta do estrago. 

Feito isso, era hora da janta. Preparei uma mamadeira de iogurte e antes mesmo de terminar, ele já estava piscando os olhos de sono. Como ele está um pouco gripado, a ordem era aplicar Sorine antes de dormir. Surgiu a dúvida: dar ou não dar? Dei... Com ele meio dormindo mesmo. E foi a pior decisão da minha vida!!! Óbvio que ele não entendeu o que estava acontecendo e acordou de vez apavorado! Isso sem contar que ele ficou uns bons 5 segundos sem respirar e eu quase bati asas atrás da nega que recém chegava em São Paulo. 

Mas depois do susto, deu tudo certo. Pintucho segue dormindo até agora e com a respiração excelente. Trocado, limpinho e de barriga cheia. Acho até que vai sobreviver.. hahahah.

Por hora, a foto acima retrata bem o sentimento. Saudade é o rastro que a felicidade deixou já dizia o poeta... 

Amanhã tem mais! 

Super Beijo, Paizão. 


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O "Upa".

Bernardo começou a caminhar há cerca de um mês. Lembro do meu post "Os filhos não vem, eles vão", e de fato minha teoria estava certa. Ele não pára mais quieto. Absolutamente tudo é motivo de descoberta. Observa e presta atenção em qualquer objeto novo que é inserido em seu campo de visão. O problema é que  somente quando a última gota de energia se esvaiu, o que demora para acontecer, o Bernardo dorme. Chega a ser engraçado ver ele tropeçando nos brinquedos ou tentando ficar com os olhos abertos para não descansar. Outra consequência que notamos é que o gasto de energia é maior que a ingestão. São cerca de  5 refeições por dia, mas a "malhação" é pesada e por isso ele engorda pouco. Meu filho nunca vai fazer o tipo "bebê Johnson". Ele esta mais para o tipo atlético. 

Mas segundo nossa Pediatra, mesmo que não esteja ganhando peso como deveria, o que importa é que está 100% saudável. E cá para nós... mil vezes um filho ativo e da pá virada do que um pasmado rechonchudo. 
...

Já que o pintucho está crescendo é normal que a gente comece a querer que eles nos imite naquilo que fazemos. Ainda temos a tendência de começar a pedir para que faça coisas que pedimos: "Diz oi!", "Dá tchau filho!", "Manda beijo!" e assim por diante. 


Foi então que certo dia começamos a pedir para o Bernardo dar um "Upa", ou seja um abraço. E ele deu... 



Dormir com o B. é divino. É a máxima sensação de proteção que você pode dar para uma pessoa. É quando a criança se entrega para você. É como se ela dissesse: "Ok, vou confiar em você e te deixar ser meu colchão." Um filho dormir no seu colo significa que ele sabe que não importa o que aconteça, ele estará protegido. 



Mas o "Upa" é algo para além disso. É a materialização da retribuição de todo carinho e amor que você tem dedicado ao seu pequeno. Uma vez me falaram que o amor pelos filhos só cresce. Eu desconfiava que fosse mentira e estava errado. De fato, o amor só aumenta. E muito deste processo em relação ao meu filho, começou depois do "Upa". Buscando na memória, não lembro quando foi que recebi um carinho tão sincero e puro. E aqui cabe um parênteses: sinceridade, na Roma antiga era o nome dado à obras de arte sine cera. É que por vezes os artistas realizam seus trabalhos em blocos de mármore maciços. Quando eles erravam alguma cosia ou talhavam com muita força, usavam uma mistura de cera de abelha para tapar o furo e esconder a imperfeição. Só que com o tempo a cera envelhecia e acabava caindo, mostrando o que estava por trás... Logo, os imperadores começaram a pedir obras de arte sine cera, ou seja sem cera = sinceridade. 



Os bebês desenvolvem um milhão de atividades por dia. Cada hora eles estão observando  algo diferente e brincando com alguma coisa. É difícil você prender a atenção deles. Quando recebi o "Upa" do B., naquele exato momento eu era o centro de toda sua atenção. Dentre o universo de coisas que ele tinha para fazer, brincar, descobrir ele queria a mim. Acho que por isso foi tão forte a sensação. Eu era o mundo dele naquela hora. E isso é o que um pai mais pode querer para seu filho: que ele sinta o amor que você tem por ele. 


E assim são os "Upas" do Bernardo. É um abraço com a alma, sem nenhum porém, sem nada em troca. É um toque no coração. Como diria Calvin para Haroldo: é um abraço tão forte, que acaba espremendo as lágrimas para fora... 


Um super "Upa", Paizão.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Save the Date do B.


Com toda certeza, a frase que mais tenho ouvido nos últimos tempos é: Parece que foi ontem. E é a mais pura verdade. Parece mesmo. 

Chegando próximo da data de aniversário do Bernardo, comecei a lembrar de como foi toda função do seu nascimento, como num filme. Desde a hora que a nega chegou na sala depois de ir deitar com a bolsa estourada até o primeiro instante em que o vi na vida. Foram 12 meses de intenso sentimento, de muito aprendizado e de muita felicidade. Tenho a impressão que a gente zera o hodômetro da vida e começa a aprender tudo de novo. É como se você pegasse seus livros de colorir da infância e fosse pintando tudo de novo com novas cores. 

E foi nesse sentido que resolvemos fazer o video acima. Como se a vida dele fosse um filme com pré-estréia e tudo mais. 

Abaixo, vai o convite, também no mesmo estilo. 


 Logo mais, posto o video do aniversário que esta em fase de produção...

Um beijo, Paizão.