quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Pais separados. Amor fortalecido.

Passou o tempo e o que não deveria ter se perdido, se foi. Antes, contudo, que meus valores fossem esvaziados, era preciso tomar a decisão de pôr um fim no casamento. Sem culpados, porque não há inocentes numa separação, o distanciamento restou como melhor opção para cada um de nós.

 Sejamos felizes.

De todas as angústias experimentadas e entre toda tempestade de sentimentos, aquele que mais me afligia durante o processo era o medo de perder meus filhos. Perder o sentimento por eles e o deles por mim.

Foram noites em claro pensando na forma de lidar com o inexorável afastamento que uma separação impõe.

"Amarei eles da mesma forma?" "Eles me amarão da mesma forma?" foram perguntas que me atormentaram durante meses.

Com a decisão já tomada, fiz uma viagem com meus dois filhos para Bahia nas férias de julho naqueles resorts incríveis com o sistema "all inclusive". O complexo para onde fomos era tão grande que cada bloco de prédios se destinava a um público específico: idosos, jovens e famílias.

Quando chegamos, ainda na excitação da viagem, decidimos ir direto para as piscinas. Depois de uma hora dentro da água, resolvi sentar para descansar um pouco.

Bueno, foi quando me dei conta que 99% das pessoas que ali estavam, estavam na composição tradicional da família, ou seja, pai, mãe e filhos. Não foram poucas as vezes que me perguntaram aonde estava a mãe das crianças...

Enfim, depois de aproximadamente quatro horas, havia ficado completamente embriagado pensando na separação. Resumo da ópera, tive que recolher as crianças e ir para o quarto descansar para poder me recompor.

Depois que acordei, algo havia mudado. Olhava para eles e percebia que tudo que precisava para ser feliz a partir de então, estava ali. Buscando na minha memória, recordei que sempre quis ser pai. Antes mesmo de outras escolhas, como a profissão, a paternidade já estava em mim.

Fizemos a melhor viagem que se poderia fazer dentro do que era possível diante da nova composição familiar. E foi mágico. Houve uma conexão tão profunda entre nós, ficamos tão fortemente sozinhos e, ao mesmo tempo, extraordinariamente bem que pude compreender que jamais perderia o sentimento que havia construído por eles. Jamais.

Tempos depois, Martina teve que fazer um trabalho no colégio e relatar qual a melhor viagem que ela já tinha feito e qual o melhor lugar que havia conhecido.

Adivinhem qual a resposta? A Bahia com meu pai.

Dia desses estava vendo um filme chamado "Beleza Oculta" com o Will Smith. O enredo principal trata da perda de uma filha de 06 anos, e as cartas que o pai escreve para o tempo, o amor e a morte. Entre os dramas vividos, há o de uma mulher que pensa em produzir um filho de forma independente e com inseminação artificial, porque havia passado sua janela de fertilidade.

Após desistir da ideia, ela conversa com um jovem que lhe diz o seguinte:

"Veja Claire, seus filhos não têm que vir de você. Eles têm que passar por você."

Meus filhos passaram por mim naquela viagem. Passarão a vida inteira por mim.

E não há nada no mundo que mudará meu sentimento por eles. Nunca!

Sigamos felizes.

domingo, 9 de outubro de 2016

Aonde foi que nos perdemos?



Faz tempo que não escrevo nada por aqui. Uma conjugação de fatores influenciaram para que isso acontecesse: trabalho, stress, falta de tempo ou ainda falta de inspiração. Mas nada é mais importante que a incapacidade que tenho de transcrever em textos todas as experiência que tenho vivido em relação aos filhos. 

Lembro que hoje Bernardo conta com 4 anos de idade e Martina com 2. De forma que, ainda, por bem pouco tempo, temos dois "bebês" em casa, em que pese essa concepção em alguns casos já não se aplique mais ao B., que tem me saído com cada uma...

Olhar para eles tem sido um exercício de reflexão. É impressionante a noção espacial e temporal que eles tem sobre o mundo e a visão única de interpretação dos fatos de suas vidas.

Não são raras as vezes em que admirá-los se transforma num instante de poesia pura. 

E é nessa observação que me questiono aonde nos perdemos. Em que momento das nossas vidas, deixamos para trás a capacidade de rir de nós mesmos nas situações mais ridículas possíveis. Em que curva deixamos para trás nossa honestidade e sinceridade? Porque perdemos a capacidade de pedir desculpas

Dia desses fomos deixar Bernardo no colégio quando a coordenadora do turno integral nos chamou para conversar. Entramos na sala e a autoridade desabafou: Bernardo deu uma pedrada num colega. Na mesma hora pensei que estava falhando na educação dele. Me veio a cabeça a falta de tempo que tem me acometido nos últimos meses, justificado no excesso de trabalho em busca de dinheiro para ter mais tempo para ficar com eles (aliás, comportamento que outrora já criticou Mujica, ex- presidente do Uruguai) Pensei que o preço que estava pagando, era o de ter um filho marginal, voltado para a violência e revoltado. Foi como ter um pesadelo em um milésimo de segundo... Dito isso, a coordenadora explicou: Mas foi sem querer. Estavam os dois brincando quando a pedra escapou e atingiu o colega. Mas o Bernardo foi exemplar! Ajudou, pediu desculpas e ficou na sala esperando a mãe chegar para levar o amigo para o hospital. Ainda segurou a mochila dele o tempo todo para que ele não fizesse força...

Preciso dizer o tamanho do meu alívio? 
 
Porque perdemos isso? Que força invisível é essa que nos torna cruéis, vaidosos e egoístas? Seculpa do sistema? Mas esse sistema não é formado por indivíduos? Há, inegavelmente, algo de muito errado no mundo.

Martina não pode ver ninguém chorando que pede desculpas. Mesmo que ela não tenha feito absolutamente nada, basta fingir o choro que ela vem com um abraço e o pedido de desculpas: diculpa papai, não chora... Não importa pra ela o que houve, mas sim o que ela pode fazer para que o sofrimento daqueles que ela gosta, passe. 

Hoje tenho a impressão que meu papel de pai ganha outras atribuições na medida em que meus filhos vão vivendo e evoluindo tornando a função cada vez mais complexa. Hoje, mais do que educar, tenho que fiscalizar para que esses valores não se percam por aí e permaneçam para sempre acompanhando a conduta deles. 

Talvez assim, consiga enxergar aonde foi que perdi isso tudo e consiga me indignar um pouco menos com esse mundo...

 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

É o meu melhor desejo...

 Eu amo meus amigos. De verdade. Sinto saudades, sofro junto, tenho ciúmes (mas não assumo) e adoro estar com eles. 
Considerando que sou quem há mais tempo mantém um relacionamento estável dentre a grande maioria dos casais que conheço, posso dizer que muito do meu casamento se deve às amizades que construímos e mantemos durante todo esse tempo. 
Já passei por poucas e boas para chegar até aqui e digo que não foi fácil. Mas exatamente essas dificuldades do passado são o que me mantém firme quando a coisa não vai bem. E os amigos, são tudo, quando mais precisamos deles. 
Tenho uma dívida de gratidão com um punhado de pessoas. Mas especialmente hoje, quero agradecer duas muito especiais pela amizade incondicional. Ao Guilherme e Laura. 

E digo hoje, porque desde o casamento deles, devia um texto com meu desejo de felicidades para o casal. Fato é que cada vez que tentava escrever, nada saía. Não conseguia dimensionar o tanto que lhes quero bem em palavras. Existem alguns sentimentos que precisam ser vividos para que se possa precisar sua real importância e significado. Eu sempre quis ser pai. Nunca me pairou qualquer mínima dúvida sobre isso. E confesso que minha realização no plano sentimental no que atine à felicidade veio depois do Bernardo e da Martina. Ser pai é definitivamente a melhor coisa do mundo. 

Acordo com o homem aranha todos os dias, e vou dormir com a bela adormecida. Chego em casa e a Martina (que recém aprendeu a caminhar), vem cambaleando de um lado pro outro me dar um abraço. E mesmo que ela venha em zig-zag, ela sabe aonde quer chegar. E não importa o que esteja na frente, ela chega... Um pedaço de papel vira um céu estrelado e o porta-copos uma estrela ninja. "Na concha vive uma pélula" né papai? E assim por diante...  É como se a cada minuto a gente fosse metralhado com fofurices. 
Redesenha-se, quando se é pai, a definição da palavra amor. 

Então meus queridos amigos, saber da gravidez de vocês realizou meu desejo mais profundo. Que vocês possam experimentar esse sentimento que hoje eu tenho, como o de olhar para a foto acima e sentir vontade de chorar de amor. Receber a notícia, me faz lembrar de tudo que eu vivi e sinto pelos meus filhos. É impossível não se emocionar. Sobretudo porque, pelo que fazem pelos meus, tenho certeza de que serão excepcionais pais! Que sorte tem essa menina...

Gracias pela amizade e sejam bem-vindos ao clube dos "só quem tem sabe". Vocês merecem muito essa felicidade! 

Mega beijo, S.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Bem-vinda filhota!

Depois de muito tempo é preciso escrever novamente. Quando iniciei a ideia do blog, meu desejo era criar algo inédito, embora fosse muita pretensão. No mínimo, procurava fazer alguma coisa que não fosse "batida" ou comum. Mas para que isso fosse possível, era necessário uma motivação que somente o ineditismo das sensações podia conceber. 
 
Ninguém tem duas primeiras vezes, dois primeiros beijos e por assim adiante. Isto explica o hiato entre as publicações aqui no blog.  Tirando algumas particularidades, a gravidez da Martina foi bem parecida com a do Bernardo. Bem mais tranquila. Nada do que se passou com a Karina era novidade até porque ela é praticamente uma máquina de gravidez tamanha a força e resistência a dor. Portanto amigos, não se preocupe se a segunda gravidez não lhe parecer tão mágica quanto a primeira. Isso é perfeitamente normal e você não tem que se culpar acaso pense não estar "curtindo" essa viagem para o mesmo destino, com a mesma empolgação da primeira vez. O que importa de verdade é que você mantenha o mesmo cuidado com o bebê realizando um pré-natal completo e sem atalhos....

Tinha razão quando não me culpava por estar mais "distante" na gestação da M. A certeza que teria muito o que escrever para a minha filha, quando visse o primeiro laço rosa estampado no sua testa estava sempre presente. Dito e feito! Notaram o tamanho do laço da moça? Tenho uma gaveta cheia deles.... 

A gente sabe que a natureza humana é algo fantástico. Entretanto, raros são os momentos em que a gente pode vivenciar isso. Acompanhar a cesariana da Martina foi um desses instantes. Vê-la saindo do corpo, recebendo os primeiros cuidados, respirando o ar pela primeira vez e chorando certamente ficarão para sempre na minha memória. Penso que se todo bebê tem que chorar quando nasce, cabe a nós em vida, lhe dar motivos para sorrir... Quando cheguei no vidro com a pequena, esta foi a cena que vi...

 Na minha contagem, 20 pessoas! Então filhota amada te digo que terás mais motivo para sorrir nessa vida do que para chorar.
 
A Martina é a primeira neta. Depois de 5 homens, alguém nessa família conseguiu fazer uma guria. Ela veio sem programação. Não consigo dizer que foi "um descuido". Prefiro pensar que ela foi o final feliz de uma noite perfeita. Um fim que se reinventa feliz a todo momento, a cada descoberta nova. 
 
Hoje, como manda nossa tradição, furamos suas orelhas para colocar os brincos. E no exato momento em que a médica lhe atravessou o ouro, ela não chorou. A pequena abriu os olhos e me encarou apertando toda sua mão no meu dedo. "Calma filhota, tá tudo bem. Já vai passar. O pai esta aqui". Foi o que lhe disse. E pensando sobre isso, não consigo concluir quem estava segurando a mão de quem.

Das poucas coisas que aprendi nessa vida, como diria William Shakespeare é que não posso exigir amor. Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e esperar que a vida faça o resto, pacientemente.

Te esperei nove meses filha e continuarei a esperar com amor sempre! Seja bem-vinda!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Nada vai ser como antes...

Definitivamente, ter dois filhos não é a mesma coisa que ter um. A explicação, por mais clara que pareça ser é complexa. Quando se tem o primeiro, não há um anterior. Primeiro é primeiro e isso faz toda diferença do mundo. Especialmente para quem resolve ter o segundo logo em seguida. 

Eu lembro que minha irmã mais velha teve dois com uma diferença de um ano e alguns dias entre eles. Foi complicado, bem complicado. Isso porque os dois ainda eram muito dependentes dos pais então não havia descanso. Um dormia, outro acordava, um tinha fome, outro tinha que arrotar, dois no banho, dois pra vestir e assim por diante. Há um amigo meu que disse: um filho é um. Dois são quatro! 

Lembro que minha primeira preocupação sobre ter dois era se conseguiria dividir o amor e a atenção entre eles. Como disse a nega, não se trata de divisão, mas adição. Óbvio, não vou pegar o amor que sinto pelo Bernardo e passar metade para a pequena.... Pensar desta forma faz toda diferença do mundo. A gente se cobra muito tentando agir da mesma forma com os dois filhos. Acabamos por esquecer que o tempo é linear e o que passou existiu numa determinada conjectura de espaço e de tempo que jamais se repetirão. Tentar agir da mesma forma entre os filhos, no meu modo de pensar, é desrespeitar a individualidade de cada um. Nós já não somos os mesmos desde a primeira gravidez. Aprendemos muito com a experiência que vivemos e não podemos ignorar isso. Pelo contrário, temos que pegar os atalhos, despejar o que não serve e tirar o máximo proveito das coisas boas. Evidente que os princípios serão os mesmos e os valores a serem repassados igualmente. Mas a receita fatalmente vai sofrer alterações.

Não se culpe pelo processo ser diferente do que foi o primeiro. Dia desses a nega estava chateada porque não estava curtindo essa gravidez como a primeira. Bueno, evidente que você não vai ter  o mesmo processo. Lembre-se: antes de ter o primeiro, você não tinha o primeiro. O que importa no fundo é que não falte amor, carinho, respeito e cuidado com o novo pequeno. E isso a Martina vai ter de sobra. O resto é só o resto. As circunstâncias da vida nunca serão as mesmas, mas assim como na primeira vez tudo se ajeita. Você vai conseguir! 

Estamos aos poucos introduzindo a idéia da "mana" no Bernardo. Seguido falamos com a barriga, fazemos carinho e beijamos ela. O problema é que quando pergunto para ele aonde está a Martina, ele aponta para a própria barriga! Uma forma que encontramos de lidar, foi começar a diferenciar os meninos das meninas nas histórias dos livros. As gurias nós chamamos de "mana" para que ele comece a diferenciar os personagens da sua vida. Assim, quando eles brigarem pelos brinquedos, poderemos dizer, isso é da mana ou isso é do mano... Até agora tem funcionado bem, à exceção de uma boneca que ele insiste em ter como se sua fosse.

Vou ficando por aqui na certeza de que muita coisa boa ainda esta por vir.

Super Beijo, 

Paizão. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Jardim de Rosas...

Segundo o que diz o dicionário on-lie Priberam, perfeição significa:
perfeição 

s. f.
1. Acto de acabar ou aperfeiçoar alguma coisa.
2. O grau de excelência, bondade ou beleza a que pode chegar alguma coisa.

Depois de algum tempo, entre o balanço louco do sim e do não a pergunta deve ser enfrentada de frente. Ter ou não mais um filho? São vários os prós e contras, seja qual for a decisão do casal. Filho único, significa concentrar todas as forças e energias num ponto. Há quem sujeite a questão sob a ótica financeira, argumentando no fato de poder prover para o filho tudo de melhor que se é possível  dar. Outros, no cansaço de ter que passar novamente por todo processo de cuidado exigido na primeira fase de vida do pequeno. Não podemos esquecer que a carreira dos pais também conta muito na hora de tomar a decisão. 

A nega está bem no trabalho. Crescendo cada vez mais, com viagem marcada novamente e com possibilidade de conquistar novos destinos por mais tempo. Eu, no mesmo sentido, cresço no escritório com clientes que exigem cada vez mais. Ambos chegamos a conclusão de que não é a hora ainda. Afinal de contas, recém agora estamos conseguindo ter nossa vida como casal de volta depois de um longo período na clausura. 

Pensando nisso, com o Bernardo mais crescido, já podemos deixá-lo para posar na casa da vó e curtir um jantar romântico vez que outra. Dia desses, um casal de amigos terminou de reformar o apartamento deles e resolveu fazer um "Sambão de casa nova". Contrataram uma banda de samba e encomendaram muito chop para receber a galera. Bom, Bernardinho foi para casa da abuelita e nós rumamos para a festa. Estava demais!!! Sair sem ter que se preocupar em acordar de madrugada para trocar fraldas e dar mama depois de um ano e meio nesse procedimento diário, foi realmente bom. Evidente que aqui não estou reclamando nem arrependido de absolutamente nada. Mas temos que pensar que  para os filhos é importante também poder ver os pais se curtindo e namorando depois da paternidade.  Afinal, são os exemplos do que ele vê dentro de casa que estarão consigo no futuro. 
Depois do samba, resolvemos conhecer um lugar gerenciado por outro amigo nosso. Chegando lá, depois de beber muita cerveja, partimos eu e a nega para a Vodka. Descompromissados com o horário, curtimos os amigos, nos divertimos e bebemos mais de que deveríamos. E quando chegamos em casa, a festa continuou... 

Foi estranho dormir sem o filho em casa. Condicionamos nosso sono a permanecer alerta em razão do que pode acontecer, depois de um ano e meio de convivência, por certo que não seria em uma noite que o sono voltaria a ser o mesmo de antes. Uma mistura de saudade e culpa fez com que cedo no dia seguinte já tivéssemos buscado o rebento para junto de nós. 

Bom, depois de assimilar a idéia de filho único, nada parecia mais certo do que tentar resgatar aqueles antigos sentimentos suspensos por causa da gestação do Bernardo. E assim, foi. Karina começou a viajar novamente e eu comecei a rever os amigos em encontros informais. 

Lembro como se fosse hoje que a primeira desconfiança de que estávamos grávidos começou quando a nega foi para Montevideo. Casualmente, esse ano ela tinha outra viagem marcada para o mesmo destino e na mesma época da anterior. E não é que ela me liga de lá dizendo que não estava passando bem e que queria fazer uns exames quando voltasse? Bom, eu que recém tinha trocado de carro comecei a pensar nas possibilidades de desfazer o negócio. Só que me faltava essa guria pegar barriga de novo!!! Hahahaha. 
Na verdade foi feita uma biopsia e descobrimos que a Karina estava com um cisto hemorrágico em um dos ovários. Apesar de ser bem comum e se tratar de um quadro clínico simples, tomamos um susto. Seja como for, nunca é bom saber que apareceu uma mancha escura em qualquer exame que se faça... 

Depois de algumas semanas ela atrasou a menstruação e começou a sentir dores abdominais. Novamente voltamos a ficar preocupados com o quadro e ela voltou ao médico. Saiu de lá com a receita para fazer um exame de gravidez. WHAT???? Como assim? O cisto tinha virado um feto??? Ou será que era uma espécie de Alien? A gente não entendia mais nada! Pavor e pânico. Ficamos atônitos. A minha calma só veio depois de ouvir da boca da nega que ela, em que pese não tivesse feito o exame, tinha certeza de que não estava grávida. Bom, se a criatura que é quem vai gerir me diz que não se sente grávida, quem sou eu para discordar??? Não sei porque nessa hora lembrei do que um amigo meu sempre me dizia na época da faculdade: Cara, nunca confie num ser que sangra a vida toda uma vez por mês e nunca morre... Dito e feito: ESTAMOS GRÁVIDOS NOVAMENTE! 

É incrível o que muda na gente numa hora para outra. Não foi a mesma coisa de quando descobrimos o Bernardo, nem teria como já que não tínhamos nenhum filho antes. Mas dadas as circunstâncias, todo nosso planejamento de não termos o segundo, caiu por terra. Sim, porque não queria nem por um segundo que meu filho se sentisse rejeitado. Afinal de contas, se é para ter, que seja na mesma intensidade de antes, com toda nossa atenção e carinho voltados para a gestação. No entanto, até que a nega conseguisse falar para a chefe dela que havia "pego barriga" de novo foram semanas bem tensas. Boa parte do que dá significado à vida da Karina, passa pelo seu trabalho. É uma dedicação realmente impressionante, algo feito de corpo e alma, ao ponto de muitas vezes, perder a esposa para o sono mesmo antes de começar a novela das nove. Assim, ela somente estaria bem consigo mesma, depois de falar. E ela, como grande mulher que é, falou.

Fato é que a vida tem mais a nos alegrar do que entristecer. E tudo, absolutamente tudo esta tomando seu rumo mais uma vez. De susto ou não, na hora errada ou certa hoje temos a certeza de que cada coisa está em seu devido lugar. 

E nós que pensávamos ter atingido a perfeição, não sabíamos que ainda havia algo melhor por vir... E veio! Vai atender pelo nome de Martina. E eu, desde já, tanto e sempre, sou só amor. A princesa do papai está a caminho e meu reinado ganha um novo jardim. Desta vez de rosas... 

Este foi o melhor dia dos pais do mundo! 

Um beijo, Paizão. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

E num domingo qualquer...

Penso que uma das coisas mais difíceis de se conseguir fazer nos dias de hoje é iniciar um hábito. A gente passa a vida toda mecanicamente programado para fazer as mesmas rotinas que esquece de tentar inovar. Sou um defensor de que as pessoas mudam. Isso, claro, quando a motivação é mais forte do que aquilo que nos prende à mudança. 
No meu caso, tenho que me habituar a anotar todas as idéias que surgem para colocar no blog. Com certeza, teria posts mais seguidos...
...
Esse mês Bernardo completou um ano e meio de "vida". De fato, estava certo quando escrevi que os filhos não vem, eles vão. Na medida em que o tempo vai passando, o piá vai ficando cada vez mais independente de nós. O fato de começarem a caminhar e falar, retiram quase que completamente a necessidade que temos de fazermos absolutamente tudo por eles. Bernardo já fala quando tem fome ou sede e vai com suas próprias pernas até o lugar aonde quer brincar. 
Dia desses, ele pegou uma virose (gastroenterite viral) que nos tirou uma boa semana de sono. Considerando que ele corria o risco de regurgitar durante o sono, o passamos para nossa cama. O problema é que ele roncava feito gente grande. Sem brincadeira... Como meu sono é leve, tive que me mudar para o sofá de dois lugares da sala que me serviu de cama por um por par de dias. Resultado ou acordava totalmente quebrado de dormir lá, ou ia pra cama e não dormia por causa do ronco. Acho que desde o nascimento do Bernardo, - que sempre foi um bebê tranquilo-, foi a pior semana que passei. 
Realmente a sensação de impotência sobre a falta de controle acerca do que aflige nossos filhos é um dos piores sentimentos da paternidade. Ver um filho sofrer, sem poder minimizar a dor é torturante. Febre que não baixa, não se alimenta, não bebe, não quer brincar... a gente passa 24 horas aflito até que eles melhores e voltem a ser o que eram antes... Por azar, a semana coincidiu com diversos compromissos profissionais que não podiam ser adiados. Nessas horas que a gente percebe o valor dos familiares que de pronto se propuseram a ficar com o pequeno enquanto trabalhava, além é claro, da nega que foi incansável nos cuidados. Mas não foi nada fácil... Com certeza o cansaço mental é o pior de todos. Foi uma semana que passou como se fosse um pesadelo, mas chegou ao fim. 
E quando eu menos esperava, em meio à um domingo chuvoso de inverno, Bernardo acorda e me aparece na sala com essa cara da foto aí em cima. Tira o bico da boca e fala com jeito de quem ainda esta aprendendo a dominar a própria língua: "Aga, papai, aga". Ali estava ele, indo mais um pouco... 

A lição que fica é a de que não importa quanto você seria capaz de sofrer pelo seu filho, certas vezes na vida o sofrimento é só dele. O máximo que a gente pode fazer, nem sempre é o suficiente.


Um super beijo, Paizão.